Enquanto observava a lua essa noite, me lembrei do dia em
que te conheci. Estávamos em Cabo frio (RJ), ainda com a agitação do ano novo.
A praia sendo limpa e as estruturas do palco referente ao show de réveillon
sendo desmontadas. Era uma casa com cinco meninas, dentre elas, eu. Três delas
eram loucas e alopraram, já eu, preferi aproveitar o sol, o cheiro de maresia e
a rede que tinha em nossa varanda.
Dia dois de janeiro, saí às seis da manhã para correr e vi
o quanto estava lindo o dia. Quando terminei meu percurso resolvi sentar na
areia, ainda úmida e ali fiquei, vendo os pássaros que voavam pra lá e pra cá,
rápidos e sincronizados.
Não vi o tempo passar e quando me dei conta, o movimento na
praia estava começando. Pais com cadeiras e seus filhos chegando. Vejo um
garoto saindo do mar com uma prancha na mão, andando em minha direção. Olhei
pra trás e não tinha ninguém, foi aí que constatei que realmente, estava vindo
em minha direção.
Sentou-se ao meu lado e se apresentou. Perguntou se eu
estava bem e se estava apreciando a paisagem. Começamos a conversar, sem
segundas intenções ou olhares comprometedores.
No dia seguinte, saí novamente às seis da manhã e lá estava
ele. Descobri que ele via o nascer do sol diariamente e que ele era
flamenguista, algo que me deixou bem contente.
Esqueci-me de contar que o nome dele é Marcos, mora em
Curitiba e estava no Rio de Janeiro de férias na casa de sua tia. Porque
pessoas legais moram longe de nós?
Duas semanas depois, as coisas estavam mudando. Não sei
exatamente o que, afinal, não sou boa nisso. Comecei a sentir algo em mim, mas
tinha medo de falar. Parecia que Marcos lia meus pensamentos, levando-se em
conta de que no dia vinte de janeiro em uma de nossas saídas, ele se aproximou
e me beijou. Foi algo belo, carinhoso e suave.
Apresentei-o à minhas amigas e ele, a sua família. Foram as
melhores férias da minha vida, pena que acabaram. Aproveitamos cada momento
como se fosse o último. Fomos a um parque local, praça, restaurante, sem contar
as infinitas conversas no nascer e pôr do sol.
Marcos me ensinou a surfar e eu o ensinei a tocar violão,
na verdade, tentamos. Ambos se esforçaram e por incrível que pareça, fluiu.
Esquecemos que não tínhamos viajado sozinhos, mas por
sorte, as meninas e seus familiares entenderam e não brigaram ou interferiram
em nossa relação. Nos víamos diariamente.
Trocamos telefone, Facebook e Instagram. Aliás, nossas
fotos bombavam nas redes sociais. Imagina, um casal de jovens bronzeados, em
cabo frio e nas férias? Curtida na certa!
Os dias foram se passando e o mês acabando. Estava chegando
a hora da despedida. Tentávamos não pensar nisso, mas era inevitável. Em nossa
penúltima noite juntos, ele me preparou um jantar a luz de velas, com direito a
vinho e tudo. Depois, fomos caminhar na praia e dispensávamos palavras.
Abraçados, recordávamos cada minuto vivido naquele lugar. Cada sorriso,
fotografia, cada mergulho e caixote.
Chegou a hora de ir e com lágrimas nos olhos, Marcos me
deixou na rodoviária e entregou-me uma carta. Pediu-me que lesse apenas no
ônibus e assim o fiz. Quando entrei, sentei e o motorista ligou o motor, Marcos
já tinha partido. Abri a carta e constatei que tinham cerca de quatro folhas
escritas à mão. Nelas haviam agradecimentos, lembranças, desenhos, fotos e
saudade.
Mantivemos contato, mas após cinco meses decidimos seguir
nossa vida e nos encontrarmos quando desse. O sentimento não era o mesmo, a
paixão havia se perdido no meio de tanta correria e trabalho. Guardo até hoje a
carta que ele me fez e lembro com carinho daquele Janeiro de 2014. O melhor que
já tive na vida!
Carolina Ribeiro
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