Janeiro de 2014

Enquanto observava a lua essa noite, me lembrei do dia em que te conheci. Estávamos em Cabo frio (RJ), ainda com a agitação do ano novo. A praia sendo limpa e as estruturas do palco referente ao show de réveillon sendo desmontadas. Era uma casa com cinco meninas, dentre elas, eu. Três delas eram loucas e alopraram, já eu, preferi aproveitar o sol, o cheiro de maresia e a rede que tinha em nossa varanda.
Dia dois de janeiro, saí às seis da manhã para correr e vi o quanto estava lindo o dia. Quando terminei meu percurso resolvi sentar na areia, ainda úmida e ali fiquei, vendo os pássaros que voavam pra lá e pra cá, rápidos e sincronizados.
Não vi o tempo passar e quando me dei conta, o movimento na praia estava começando. Pais com cadeiras e seus filhos chegando. Vejo um garoto saindo do mar com uma prancha na mão, andando em minha direção. Olhei pra trás e não tinha ninguém, foi aí que constatei que realmente, estava vindo em minha direção.
Sentou-se ao meu lado e se apresentou. Perguntou se eu estava bem e se estava apreciando a paisagem. Começamos a conversar, sem segundas intenções ou olhares comprometedores.
No dia seguinte, saí novamente às seis da manhã e lá estava ele. Descobri que ele via o nascer do sol diariamente e que ele era flamenguista, algo que me deixou bem contente.
Esqueci-me de contar que o nome dele é Marcos, mora em Curitiba e estava no Rio de Janeiro de férias na casa de sua tia. Porque pessoas legais moram longe de nós?
Duas semanas depois, as coisas estavam mudando. Não sei exatamente o que, afinal, não sou boa nisso. Comecei a sentir algo em mim, mas tinha medo de falar. Parecia que Marcos lia meus pensamentos, levando-se em conta de que no dia vinte de janeiro em uma de nossas saídas, ele se aproximou e me beijou. Foi algo belo, carinhoso e suave.
Apresentei-o à minhas amigas e ele, a sua família. Foram as melhores férias da minha vida, pena que acabaram. Aproveitamos cada momento como se fosse o último. Fomos a um parque local, praça, restaurante, sem contar as infinitas conversas no nascer e pôr do sol.
Marcos me ensinou a surfar e eu o ensinei a tocar violão, na verdade, tentamos. Ambos se esforçaram e por incrível que pareça, fluiu.
Esquecemos que não tínhamos viajado sozinhos, mas por sorte, as meninas e seus familiares entenderam e não brigaram ou interferiram em nossa relação. Nos víamos diariamente.
Trocamos telefone, Facebook e Instagram. Aliás, nossas fotos bombavam nas redes sociais. Imagina, um casal de jovens bronzeados, em cabo frio e nas férias? Curtida na certa!
Os dias foram se passando e o mês acabando. Estava chegando a hora da despedida. Tentávamos não pensar nisso, mas era inevitável. Em nossa penúltima noite juntos, ele me preparou um jantar a luz de velas, com direito a vinho e tudo. Depois, fomos caminhar na praia e dispensávamos palavras. Abraçados, recordávamos cada minuto vivido naquele lugar. Cada sorriso, fotografia, cada mergulho e caixote.
Chegou a hora de ir e com lágrimas nos olhos, Marcos me deixou na rodoviária e entregou-me uma carta. Pediu-me que lesse apenas no ônibus e assim o fiz. Quando entrei, sentei e o motorista ligou o motor, Marcos já tinha partido. Abri a carta e constatei que tinham cerca de quatro folhas escritas à mão. Nelas haviam agradecimentos, lembranças, desenhos, fotos e saudade.
Mantivemos contato, mas após cinco meses decidimos seguir nossa vida e nos encontrarmos quando desse. O sentimento não era o mesmo, a paixão havia se perdido no meio de tanta correria e trabalho. Guardo até hoje a carta que ele me fez e lembro com carinho daquele Janeiro de 2014. O melhor que já tive na vida!
  
Carolina Ribeiro


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