Nos conhecemos por acaso. Nunca tinha te visto e nem você a
mim. Não fomos apresentados, mas nos falamos e nesse mesmo dia conheceste uma
de minhas manias, mas acredito que não tenha reparado. O tempo foi passando e a
amizade, crescendo. Percebi que tinha algo por trás disso, mas não quis
acreditar e continuei com o mesmo tratamento de sempre. Não serei hipócrita em
dizer que seu jeito encantador não me deixou balançada. Estranho, não?!
Descobrimos sentimentos e pensamentos recíprocos e comecei a
ficar assustada. Sim, assustada. Não sou boa nisso, acho que nunca fui para
falar a verdade.
Semanas depois veio o primeiro convite, o primeiro oficial.
“Vamos dar uma volta?” e eu, aceitei. Enquanto andávamos e tomávamos sorvete,
me perguntava se era um encontro de encontro ou encontro de amigos e isso me
deixou tensa, espero que eu não tenha deixado transparecer. Conversa vai conversa vem, senti algo
diferente no ar. Não era fumaça e nem perfume. O silêncio reinou entre nós. Nesse
momento percebi que as palavras tinham evaporado e só nos restavam olhares para
uma tentativa de comunicação, mas isso foi covardia de sua parte e até hoje
acho que você programou tudo, afinal, como resistir a esses olhos? Estava
sentada ao seu lado, mas na verdade eu não estava ali. Já tinha derretido.
Quando me dei conta, estava com as bochechas coradas e então desviei o olhar.
Você riu de mim, como sempre.
Decidimos ir embora. Estávamos no ponto de ônibus quando
começou a ventar e eu precavida como sou, não levei casaco e fiquei morrendo de frio. Quando me
dei conta seus braços estavam em volta de mim me aquecendo e seus olhos fixos
nos meus. Então pensei: “meu Deus, o que fazer?”, mas não fiz nada e também não me
permiti fazer algo.
Nosso ônibus chegou, tinham apenas dois lugares e juntos.
Estou começando a achar que você combinou com os passageiros para que isso
acontecesse. No meio do caminho, um engarrafamento e então começou a chover.
Não sei se já lhe contei, mas amo chuva e por isso fiquei admirada olhando a
água escorrer pela janela, até que senti uma mão pegar na minha. Fiquei
vermelha de vergonha como de costume e o máximo que consegui foi te lançar um
sorriso.
A chuva não parava e os carros não andavam. Sono estava me
consumindo e então deitei em seu obro. Trinta minutos depois ouço uma voz
dizendo: “Acorda, princesa!” e quando olho para fora a chuva tinha cessado e
estávamos a dois pontos do nosso.
Chegando em casa, ficamos conversando no portão. Meus pais
chegaram e lhe apresentei à eles, que te convidaram para entrar e Tico, nosso
labrador, logo foi te cheirando; acho que gostou de ti. Papo vai papo vem, você
se levanta e diz que tem que ir, se despede de todos e te levo até o portão. Em
silencio nos olhamos e nos abraçamos, senti borboletas em minha barriga e então
você diz: “Boa noite, princesa!”, beija minha testa e vai embora.
Antes de dormir, ouvi vários elogios sobre você e isso me fez
recordar nosso dia e percebi que eu tinha sido uma idiota em não ter
respondido antes de você se virar e ir. Abri seu contato no WhatsApp e estava lá: “escrevendo...” e com isso as borboletas voltaram.
Li belas palavras e fiquei pensando nelas a noite inteira,
até que as quatro da manhã te mandei uma mensagem dizendo: “Obrigada por hoje.”
Só então consegui fechar os olhos e adormecer.
Carolina Ribeiro
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